Centelha

Cá no meu peito onde antes habitava o amor, Izabela,
hoje há apenas murmúrios insignificantes, e lágrimas 
A vida não é mais qual antes...
O amor morreu! - E com ele os sorrisos limpos -
Sinto ter sido não apenas aqui dentro;
Assim que Deus se foi este não aguentou, feneceu.
Sim, pasme, o amor não sobreviveu!
O que resta vivo dele ainda é a paixão 
com um sei lá quanto de ternura e belas palavras!
Mas veja Izabela, as palavras também já agonizam
E não tarda para que morram...
Dos velhos pensadores sobra o eco em grunhidos
E os novos homens são velhos discípulos 
Os únicos que não morrem nesta vida Izabela: os discípulos.
Ah! Estes são fiéis, e imortais!
Eles, em seus delírios poéticos...
Eles, e seus conceitos herméticos
Eles e os seus pré-conceitos éticos.
A roda não mais roda a roda 
A quadra não enquadra...
Enquanto estas criaturas teimam fermentar as raízes
Insanos vivem... A recriar, reescrever, reeditar... 
Os iconólatras e os Iconoclastas refugiam-se no submundo;
E o amor morto Izabela, é o fantasma mais digno
Do sagrado - e do profano! -

(Suzana Rabelo)


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