Eu quando conheci o Aristeu —
ele estava em final de árvore.
E andava por aldeias em santidade de zínias.
O ermo fazia curvas para ele.
Subiam-lhe caracóis ao manto.
O que Gogol falou sobre Akaki Akakievitch,
eu diria de Aristeu:
“Um homem que desceu à sepultura sem ter
realizado um só ato excepcional.”
Inventava descobrimentos:
Que a estridência dos grilos durante o cio
aumenta 75 vezes. E peixe não tem honra.
Difícil de provar a desonra dos peixes; mesmo
com fita métrica…
Como é difícil de provar que em abril as
manhãs recebem com mais ternura os
passarinhos.
Exerci alguns anos ao lado de Aristeu a
profissão de urubuzeiro (o trabalho era
espantar os urubus dos tendais de uma
charqueada).
Com esses exercícios os nossos
desconhecimentos aumentaram bem.
As coisas sem nome apareciam melhor.
Vimos até que os cantos podem ser ouvidos em forma
de asas.
(Manoel de Barros - Caderno de Andarilho)
Nenhum comentário:
Postar um comentário