há um poema que não quer se calar
queria fechar meus olhos
e adormecer
com a paz
do trabalhador braçal
que ganha o pão
com o suor do seu desgosto
mas sou duplo
e sendo um deles
sou também o desejo
de um mundo justo
acossado em palavras
e este
padece de insônia
não adormece
enche os olhos de papel
finca neles a ponta da caneta
e do próprio desatino
põe-se a gritar
dentro da noite
(até o outro acordar)
Valdeci Almeida
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