Silenciamento


Prenuncio o precipício do que foi um terno início. E o indício mais que claro é o diálogo difícil. 
Um passo a mais e é o abismo . Um a menos, o conformismo. Um ou outro, engolindo o sentimento que, por tempos, pensei nós.
Mas...
Muitos nós alargaram os hiatos entre os sóis...e os sós.
Eu, que nasci com impulsos na ponta dos dedos e gritos na ponta da língua, surpreendentemente, sentencio-me ao silenciamento.
Deixa assim...
Se mais tempo permaneço falando e falando e gritando e gritando, insistentemente reclamando pelo que, mostra, não me pertence, certamente estarei condenando o verbo bendito a qualquer coisa mendicável, volúvel e hemorrágica , capaz de sangrar além da amenia. Deste modo, distantes os corpos e os ditos, blindado no canto esquerdo e na mente, resguardo, intactas, as memórias sonhadas vívidas por mim. 
Deixa assim...
E pra não dizer adeus, brindemos com um velho e bom Bourbon. 
(é quando esqueço alguns detalhes pra lembrar:
o meu olhar de maresia sobre o seu azul-mar 
um verso sincero na estante, escrito à batom 
e esse morno vento-nostalgia; 
o que fechará a porta atrás de mim.)

Deixa assim...
...que é pra não passarmos do tom...


Lena Ferreira – nov.13

2 comentários:

Lena Ferreira disse...

Honrada e lisonjeada em figurar neste blog tão bem cuidado e dividir espaço com essas 'feras' poéticas, Helen. Ter um texto debaixo do seu olhar generoso, não tem preço. Grata, mil vezes e parabéns pela 'estante' belíssima. Beijo sereno! Lena Ferreira

InfinitLoop disse...

Lindos versos.