Minha morte são as coisas

A minha morte são as coisas

e não poder retê-las,

é a matéria que existe

e resiste

à minha sorte,

como as estrelas.



A minha morte é a manhã

que se estende claríssima

sem temor, é este amor

de só desesperança,

como um clamor.



A minha morte é esta voz

por que a garganta anseia

e não sabe,

ela cabe

inteira nos meus olhos

que a lágrima incendeia.



Sobretudo é

esta vontade

de chorar e ir chorando

como uma única pergunta

sem remédio:

até quando?


Walmir Ayala

Nenhum comentário: